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Solidarizo-me com Sua Santidade o Dalai Lama no Tibete, com as monjas e os monges birmaneses e com o povo oprimido do Darfur, no Sudão. No entanto, não assumo uma posição de defesa nem de oposição à China. Meus pés estão plantados em cada país a partir da compreensão e da experiência política e social da opressão.
Muitos falaram da relação entre o Tibete, a Birmânia e o Darfur que estão todos sofrendo por mão da China. Muitos provaram que o padrão de respeito dos direitos humanos por parte da China é deplorável nestes países. No entanto, o que vejo como a interdependência entre a Birmânia, o Darfur e o Tibete não é a China como país, o seu governo ou o povo chinês. O que vejo é o mundo olhando para os direitos humanos do lado de fora. O que vejo é o mundo criando mais um inimigo, uma situação de “eles e não nós”.
Nos ensinamentos de Buda, não há inimigos. Tudo o que encontramos são os ensinamentos; tudo o que vivemos é o dharma. Assim, enquanto a China, à luz dos Jogos Olímpicos de 2008, é hoje o símbolo da atrocidade e a opressão humana, também a América e outros países encontram-se muitas vezes no lugar dos opressores dependendo das circunstâncias. A cada momento estamos vivendo a nossa interdependência como seres humanos de diferentes lugares no continuum do desejável e do indesejável.
Quando os Jogos Olímpicos terminarem e o boicote do comércio chinês continuar, o trabalho terá começado na terra onde vivemos. Enquanto a tocha dos Jogos Olímpicos de 2008 estiver acesa em todo lugar, poderemos utilizar aquele fogo como um símbolo para exigirmos o fim dos maus-tratos e os massacres de todos os seres humanos. Poderemos usar esse fogo para promover o reencontro de milhões de pessoas expulsas das suas pátrias. Poderemos utilizar a tocha para manifestar a conexão que todos nós temos enquanto seres vivos, apesar das nossas ilusões de território. O fogo não pertence à China.
Zenju Earthlyn Manuel – Diretor Executivo do Buddhist Peace Fellowship
Fonte: Buddhist Peace Fellowship
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