quarta-feira, 30 de abril de 2008

Debate Público sobre a questão tibetana no Rio de Janeiro - 12 de maio



Recebemos e repassamos a todos que desejem participar do evento no Rio de Janeiro.

Debate Público sobre questão Tibetana- RJ

Prezados Irmãos no Dharma

O Colegiado Buddhista Brasileiro, contando com o apoio da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e do Deputado Fernando Gabeira, estará realizando no dia 12 de Maio, às 10 horas, no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro o "Debate Público sobre a Questão Tibetana" juntamente com lideranças budistas brasileiras, o qual será registrado nos anais e divulgado no Diário Oficial.

É um evento que liga os políticos brasileiros à causa do Dalai Lama, e uma oportunidade especial para nos manifestarmos e fazer diferença em favor do oprimido povo tibetano, reforçando a posição do Budismo Brasileiro em prol do exercício da não-violência e da paz, do diálogo entre povos e culturas, e o respeito aos direitos de todos os seres.

Sendo necessário o maior apoio possível ao evento, solicitamos a todos os que deste tomem conhecimento que o divulguem em todas as listas públicas e particulares, blogs e sites, convidando os budistas e simpatizantes com a causa tibetana a comparecerem ao Plenário da Câmara.

Debate Público sobre a Questão Tibetana
Dia 12 de Maio às 10 Horas
Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro - Palácio Pedro Ernesto - Praça Marechal Floriano, s/n, Cinelândia, Rio de Janeiro.


Em nome do Dharma,

Prof. Maurício Ghigonetto (Shaku Hondaku)
Presidente


Membros Fundadores

Rev. Monge Wagner Bronzeri (Shaku Haku-Shin)
Site Oficial
http://www.honganji.dharmanet.com.br

Rev. Monge Meihô Genshô
Escola Soto Zen

Diretor Geral do Colegiado Buddhista Brasileiro
www.chalegre.com.br/zendo

Dhammacariya Ricardo Sasaki (Dhanapala)
Site Oficial
http://www.nalanda.org.br/

Prof. Claudio Miklos (Tam Huyen Van)
Site Oficial
http://tamhaovan.multiply.com

________________________

Colegiado Buddhista Brasileiro
http://cbb.bodhimandala.com
________________________

Sarve Bhavantu Mangalam - Que Todos os Seres Sejam Felizes

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Tibete: Reflexão e Pedido [Monge Ngawang Tenphel]



Caros irmãos do Dharma, caros brasileiros,

Em torno de 10 minutos atrás, meu colega de quarto no monastério entrou, e senta-se em silêncio.

Senti uma certa tensão nele, apesar de seu silêncio.

Ele percebe que eu percebi algo, e me mostra o jornal tibetano que esta lendo e diz: Estão matando pessoas em minha comunidade, no distrito de Dege Jodha, no Tibete.

Lendo a matéria em língua tibetana, pude entender que em torno de 300 soldados chineses tomaram conta da região, a qual haviam suspeitos de liderarem passeatas a favor de um Tibete Livre.

Surge uma passeata incluindo muitos tibetanos, entre estes, crianças, jovens, e velhos, monges e laicos.

O exército chinês simplesmente abre fogo contra a passeata.

Uma criança de 14 anos de idade, com o nome de Kunga, filho de Sonam Tagye (pai) e de Dega (mãe) é atingida por uma bala e morre ali mesmo.

Muitos outros são também atingidos, caindo indefesos... muitos feridos e alguns em situação de emergência.

Terminei de ler a matéria e entreguei de volta em silêncio o jornal para meu colega monge.

Ele manteve-se em silêncio por mais uns 15 minutos enquanto eu estudava nossos textos sagrados budistas.

Novamente olhei para ele em que permanecia em silêncio e percebi que a tensão ainda continuava enquanto não tirava os olhos do jornal.

Perguntei a ele se estava tudo bem. Ele olhou para mim e seus olhos se encheram de lágrimas... ele tentou falar algo, mas sua voz não saiu enquanto as lágrimas cresciam em seus olhos... conseguiu dizer em voz baixa e tremida... deixa para lá...

Olhando nos olhos dele, percebi que ele não conseguiu compartilhar comigo seu sofrimento e tensão, por talvez achar que eu não entenderia... pois não sou tibetano, não tenho família no Tibete, não é meu povo que esta sendo brutalmente assassinado.

Me senti impotente, sem palavras... sem nada que pudesse fazer para ajudar...

Alguns minutos depois, ele diz... meu irmão (um khenpo formado em nosso monastério que foi visitar a família no Tibete pouco antes do início destes acontecimentos) que está lá em nossa comunidade ligou e disse que a situação não está boa para ficar lá... e voltou a ficar em silêncio, com os olhos em lágrimas.

Senti que ele temia de alguma forma que acontecesse algo com seu irmão, com seu pai, mãe e família que vivem lá. São nômades, hulmides que vivem sua vida cuidando de seus animais que proporcionam sua sobrevivência.

Neste momento pensei comigo: a mãe, pai, irmãos e família de meu colega está em perigo de vida... ele está tenso temendo por sua família e sem poder fazer nada daqui, além de suas preces.

Pensei em minha mãe, em meu pai e irmãos... todos estão bem no Brasil. Mas e se não estivessem? E se eles estivessem correndo perigo de vida? E se eles estivessem sendo ameaçados de morte simplesmente por manter a aspiração de serem livres novamente, de terem seus direitos de cidadão, seus direitos humanos?

Talvez eu me movimentasse mais em prol de fazer algo se fosse minha própria família que estivesse nesta situação.

Caso fosse minha mãe, pai ou irmãos talvez eu fosse capaz de proteger a vida deles mesmo que a minha própria estivesse em jogo.

Pensei no Dharma, pensei nos grandes mestres, pensei no Buddha.

Será que eles assistiriam um filho, seu pai ou sua mãe serem assassinados sem mover-se em direção a evitar tal desgraça, tanto para com aqueles que serão privados de seu nascimento humano precioso, como também daqueles que estão cessando por completo tais vidas?

Percebi que provavelmente por sua profunda compaixão, amor e compreensão provalvemente seu coração e mente moveriam-se em direção a engajar-se em algum tipo de meio hábil para que tal situação não não surgisse.

Tenho ouvido e percebido uma maior manifestação de apoio para com S.S. Dalai Lama e o povo tibetano por parte de organizações de valores humanos e indivíduos não-budistas, do que aqueles que tiveram a felicidade e boa-fortuna de receber o Dharma através do que foi preservado pela tradição tibetana e por seus grandes mestres que mantiveram não só o conhecimento teórico do Dharma, mas o conhecimento empírico, a realização das palavras de Buddha. Tais dois tipos de conhecimento vêm sendo compassivamente transmitidos para o ocidente, para os ocidentais, por estes mestres.

Hoje não é somente seu país que foi tomado, mas são suas famílias que estão sendo assassinadas.

Há grupos tentando manifestar-se em prol desta causa. Esta pressão internacional fez hoje, com que a China, esta grande potência, cedesse a possibilidade de conversar com S.S. Dalai lama.

Mesmo que esta conversa seja somente para acalmar as críticas e pressão internacional, percebo que o pouco que fizemos já teve algum respaldo.

Aqui fica meu apelo para que aqueles que vêm se esforçando, mesmo que sozinhos, a dar apoio a esta causa, não desestimulem. E para aqueles que ainda não se manifestaram, que coloquem sua mãe, pai, filho e família nesta situação, e por favor apoiem aqueles que estão trabalhando na direção de apoiar S.S. Dalai lama para com esta causa.

Fiquei pensando, nossa, como consegui “eu”, fazer com que esta potência que é a China, cedesse sua teimosia de não dialogar com S.S. Dalai Lama?

Me senti poderoso, mesmo que o que tenha feita seja principalmente circular informações.
Percebi que sozinhos temos a capacidade de dar alguns poucos passos.
Juntos temos a capacidade de mover montanhas, abrindo estradas positivas que levem a paz, liberdade e direitos humanos iguais a todos.

Meus melhores votos,

Gabriel Jaeger

Monge Ngawang Tenphel
Dzongsar Shedra

Índia

domingo, 27 de abril de 2008

Contestação ao artigo de Slavoj Zizek

Paulo Stekel (editor da Revista Horizonte - Leitura Holística)



Artigo parcial do filósofo esloveno Slavoj Zizek publicado na Folha de São Paulo em 13 de abril de 2008, que mereceu o repúdio de todos os que lutam pela causa do Tibet:


O Tibete não é tudo isso
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E se aqueles que se preocupam com a falta de democracia na China estiverem na realidade preocupados com o desenvolvimento acelerado do país?
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PROTESTOS ANTI-CHINA POR COMETER ATOS DE VIOLÊNCIA CONTRA MONGES NÃO LEVAM EM CONTA QUE PEQUIM AJUDOU A TIRAR TERRITÓRIO DA MISÉRIA E DA CORRUPÇÃO APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

SLAVOJ ZIZEK
COLUNISTA DA FOLHA

As notícias publicadas em toda a mídia nos impõem uma imagem determinada que é mais ou menos como segue. A República Popular da China, que, nos idos de 1949, ocupou ilegalmente o Tibete, durante décadas promoveu a destruição brutal e sistemática não apenas da religião tibetana, mas também da própria identidade dos tibetanos como povo livre. Os protestos recentes do povo tibetano contra a ocupação chinesa foram novamente sufocados com força policial e militar bruta.
Como a China está organizando os Jogos Olímpicos de 2008, é dever de todos nós que amamos a democracia e a liberdade pressionarmos a China para devolver aos tibetanos aquilo que ela lhes roubou; não se pode permitir que um país que possui um histórico tão deficiente em matéria de direitos humanos passe uma mão de cal sobre sua imagem com a ajuda do nobre espetáculo olímpico.
O que farão nossos governos? Vão ceder ao pragmatismo econômico, como de costume, ou encontrarão a força necessária para colocar nossos mais elevados valores éticos e políticos acima dos interesses econômicos de curto prazo?
Embora a atividade chinesa no Tibete sem dúvida tenha incluído muitos atos de destruição e terror assassino, existem muitos aspectos dela que destoam dessa imagem simplista de "mocinhos versus vilões".
Enumero, a seguir, nove pontos a serem mantidos em mente por qualquer pessoa que faça um julgamento sobre os fatos recentes no Tibete.

Poder protetor
1) Não é fato que até 1949 o Tibete era um país independente, que então foi repentinamente ocupado pela China. A história das relações entre eles é longa e complexa, e em muitos momentos a China exerceu o papel de poder protetor. O próprio termo "dalai-lama" é testemunho dessa interação: reúne o "dalai" (oceano) mongol e o "bla-ma" tibetano.
2) Antes de 1949, o Tibete não era nenhum Xangri-Lá, mas um país dotado de feudalismo extremamente rígido, miséria (a expectativa média de vida pouco passava dos 30 anos), corrupção endêmica e guerras civis (sendo que a última, entre duas facções monásticas, ocorreu em 1948, quando o Exército Vermelho já batia às portas do país).
Por temer a insatisfação social e a desintegração, a elite governante proibia o desenvolvimento de qualquer tipo de indústria, de modo que cada pedaço de metal usado tinha que ser importado da Índia.
Mas isso não impedia a elite de enviar seus filhos para estudar em escolas britânicas na Índia e transferir seus ativos financeiros a bancos britânicos, também na Índia.
3) A Revolução Cultural que devastou os mosteiros tibetanos na década de 1960 não foi simplesmente "importada" dos chineses: na época da Revolução Cultural, menos de cem guardas vermelhos foram ao Tibete, de modo que as turbas de jovens que queimaram mosteiros foram compostas quase exclusivamente de tibetanos.
4) No início dos anos 1950, começou um longo, sistemático e substancial envolvimento da CIA na incitação de distúrbios anti-China no Tibete, de modo que o receio chinês de tentativas externas de desestabilizar o Tibete não era, de modo algum, "irracional".
5) Como demonstram as imagens veiculadas pela TV, o que está acontecendo agora nas regiões tibetanas já não é mais um protesto "espiritual" pacífico de monges (como o que aconteceu em Mianmar um ano atrás), mas (também) bandos de pessoas matando imigrantes chineses comuns e incendiando suas lojas. Logo, devemos avaliar os protestos tibetanos segundo os mesmos critérios com os quais julgamos outras manifestações violentas: se tibetanos podem atacar imigrantes chineses em seu próprio país, por que os palestinos não podem fazer o mesmo com colonos israelenses na Cisjordânia?
6) É fato que a China fez grandes investimentos no desenvolvimento econômico do Tibete e em sua infra-estrutura, educação, saúde etc. Para explicar em termos simples: apesar de toda a opressão inegável, nunca, em toda sua história, os tibetanos medianos desfrutaram de um padrão de vida comparável ao que têm hoje.
7) Nos últimos anos, a China vem mudando sua estratégia no Tibete: a religião despida de política hoje é tolerada e mesmo apoiada. Mais do que na pura e simples coação militar.
Em suma, o que escondem as imagens veiculadas pela mídia de soldados e policiais chineses brutais espalhando o terror entre monges budistas é a muito mais eficaz transformação socioeconômica em estilo americano: dentro de uma ou duas décadas, os tibetanos estarão reduzidos à situação dos indígenas americanos nos EUA.
Parece que os comunistas chineses finalmente entenderam a lição: de que vale o poder opressor de polícias secretas, campos e guardas vermelhos destruindo monumentos antigos, comparado ao poder do capitalismo sem freios, quando se trata de enfraquecer todas as relações sociais tradicionais?

Ideologia "new age"
8) Uma das principais razões por que tantas pessoas no Ocidente tomam parte nos protestos contra a China é de natureza ideológica: o budismo tibetano, habilmente propagado pelo dalai-lama, é um dos pontos de referência da espiritualidade hedonista "new age", que está rapidamente se convertendo na forma predominante de ideologia nos dias atuais.
Nosso fascínio pelo Tibete o converte numa entidade mítica sobre a qual projetamos nossos sonhos. Assim, quando as pessoas lamentam a perda do autêntico modo de vida tibetano, não estão, na verdade, preocupadas com os tibetanos reais.
O que querem dos tibetanos é que sejam autenticamente espirituais por nós, em lugar de nós mesmos o sermos, para continuarmos a jogar nosso desvairado jogo consumista.
O filósofo francês Gilles Deleuze [1925-75] escreveu: "Se você está preso no sonho de outro, está perdido". Os manifestantes que protestam contra a China estão certos quando contestam o lema olímpico de Pequim, "Um mundo, um sonho", propondo em lugar disso "um mundo, muitos sonhos".
Mas eles devem tomar consciência de que estão prendendo os tibetanos em seu próprio sonho, que é apenas um entre muitos outros.
9) Para concluir, a dimensão realmente nefasta do que vem acontecendo hoje na China está em outra parte. Diante da atual explosão do capitalismo na China, os analistas freqüentemente indagam quando vai se impor a democracia política, o acompanhamento político "natural" do capitalismo.
Essa questão com freqüência assume a forma de outra pergunta: até que ponto o desenvolvimento chinês teria sido mais rápido se fosse acompanhado de democracia política? Mas será que isso é verdade?
Numa entrevista há cerca de dois anos, [o sociólogo] Ralf Dahrendorf vinculou a crescente desconfiança com que a democracia vem sendo vista nos países pós-comunistas do Leste Europeu ao fato de que, após cada mudança revolucionária, a estrada que conduz à nova prosperidade passa por um "vale de lágrimas".
Ou seja, após o colapso do socialismo não se pode passar diretamente para a abundância de uma economia de mercado bem-sucedida: o sistema socialista limitado, porém real, de bem-estar e segurança precisou ser desmontado, e esses primeiros passos são necessariamente dolorosos.

Vale de lágrimas
O mesmo se aplica à Europa Ocidental, onde a passagem do Estado de Bem-Estar Social para a nova economia global envolve renúncias dolorosas, menos segurança e menos atendimento social garantido.
Para Dahrendorf, o problema é resumido pelo fato de que essa dolorosa passagem pelo "vale de lágrimas" dura mais tempo que o período médio entre eleições (democráticas), de modo que é grande a tentação de adiar as transformações difíceis, optando por ganhos eleitorais de curto prazo. Não surpreende que os países mais bem-sucedidos do Terceiro Mundo, em termos econômicos (Taiwan, Coréia do Sul, Chile), tenham adotado a democracia plena só após um período de governo autoritário.
Esse raciocínio não seria o melhor argumento em defesa do caminho chinês em direção ao capitalismo, em oposição à via seguida pela Rússia? Seguindo o caminho percorrido pelo Chile e a Coréia do Sul, os chineses usaram o poder irrestrito do Estado autoritário para controlar os custos sociais da passagem para o capitalismo, desse modo evitando o caos.
Em suma, uma combinação esdrúxula de capitalismo e governo comunista, longe de ser uma anomalia ridícula, mostrou ser uma bênção (nem sequer) disfarçada: a China se desenvolveu na velocidade em que o fez não apesar do governo comunista autoritário, mas devido a ele.
E se aqueles que se preocupam com a falta de democracia na China estiverem na realidade preocupados com o desenvolvimento acelerado da China, que faz dela a próxima superpotência global, ameaçando a primazia do Ocidente?
Há mesmo um outro paradoxo em ação aqui: e se a prometida segunda etapa democrática que vem após o vale de lágrimas autoritário nunca chegar?
É isso, possivelmente, que é tão perturbador na China de hoje: a idéia de que seu capitalismo autoritário talvez não seja apenas um resquício de nosso passado, a repetição do processo de acúmulo capitalista que se desenrolou na Europa entre os séculos 16 e 18, mas sim um sinal do futuro.
E se "a combinação agressiva entre o chicote asiático e o mercado acionário europeu" se mostrar economicamente mais eficiente que nosso capitalismo liberal? E se ela assinalar que a democracia, tal como a conhecemos, não é mais condição e motor do desenvolvimento econômico, e sim um obstáculo a ele?


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SLAVOJ ZIZEK é filósofo esloveno e autor de "Um Mapa da Ideologia" (Contraponto). Ele escreve na seção "Autores", do Mais! . Tradução de Clara Allain .


A CONTESTAÇÃO

Todos nós, que defendemos os direitos do povo tibetano, ficamos indignados com a parcialidade do artigo e o desconhecimento de seu autor de questões históricas importantes relativas ao Tibet e ao Budismo Tibetano.
Chegamos a ser instados por algumas pessoas a escrever uma crítica a este artigo. Mas, antes de fazê-lo, recebemos uma crítica ao referido artigo feita pelo Monge Joaquim Monteiro, do Budismo Terra Pura. Por considerarmos que a crítica do monge cumpre sua função perfeitamente, a postamos logo abaixo:



Comentários críticos ao "O Tibete não é tudo isso" de Slavov Zizek


Prezados editores do "Mais":

Tive a oportunidade de ler a matéria de título "O Tibete não é tudo isso" de autoria do Sr. Slavoj Zizek e gostaria de tecer alguns comentários críticos em relação aos 9 pontos levantados pelo autor:

1- O primeiro ponto consiste na alegação de que a relação entre a China e o Tibet é longa e complexa e que é problemática a asserção de que o Tibete era um país independente em 1949 quando foi invadido pela China. Acho importante ressaltar que "China" é um termo muito vago no que diz respeito à unidade política desse país. Na crônica histórica chinesa geralmente se emprega o nome de cada dinastia para designar a unidade política. Acho no mínimo problemático afirmar que o Tibet tenha estado sujeito ao poder protetor da China durante alguma das Dinastias nacionais, mas me parece bem mais fácil e mais concreto apontar para a relação entre esses dois estados nas três últimas Dinastias (Yuan, Ming e Shin) e na época da república chinesa. Na dinastia Yuan, China e Tibet fazem parte de uma mesma formação política, mas a própria China nada mais é nessa época do que uma parte do Império Mongol. Se a atual República popular da China quizer reclamar como integrante de seu território toda a extensão territorial do Império Mongol ela teria que reclamar a Hungria e a Ucrânia como parte de seu território. Na Dinastia Ming são expulsos os Mongóis e consequentemente à sua expulsão o território chinês mingua considerávelmente. Não conheço nenhum historiador responsável que afirme que o Tibete fazia parte do território chinês durante essa Dinastia. No que diz respeito à última Dinastia, a Dinastia Shin é polêmico que o Tibet fizesse parte do território dessa Dinastia, mas o problema central não é esse: mesmo que o Tibet tivesse se tornado parte do território dessa Dinastia ela era da mesma forma que o Império Mongol uma unidade política capaz de abarcar a China e o Tibet em seu interior. A Dinastia Shin era uma unidade política completamente distinta da atual República popular da China e sua relação com o Tibet em nada legitima o direito de posse territorial do Tibet por parte desta última. O exemplo dado por Zizek a respeito da origem do termo Dalai Lama é particularmente infeliz: esse título se origina em uma relação contratual entre o Tibet e a Mongólia e não entre o Tibet e a China. Para terminar, existem várias avaliações a respeito da relação entre o Tibete e a república chinesa iniciada em 1911, mas não conheço nenhum historiador responsável que reconheça que o Tibet fazia parte do território chinês nesse período. Assim sendo, a invasão do Tibet pela China em 1949 assume um caráter nítidamente imperialista e os argumentos apresentados por Zizek se revelam como a expressão de uma ignorância e obscurantismo verdadeiramente inacreditáveis. Semelhante ignorância e obscurantismo não condizem com o ofício de um filósofo.

2- O segundo ponto levantado por Zizek diz respeito ao feudalismo rígido e à ausência de desenvolvimento econômico no Tibet anterior à invasão chinesa.
Acho estranho que se tente superar esses problemas através de uma ocupação imperialista, mas se impõe aí a seguinte questão: a quem esse desenvolvimento econõmico tem beneficiado? Ao que parece não foi ao povo tibetano.

3- O argumento seguinte consiste em que a destruição dos mosteiros tibetanos não foi um efeito importado pela revolução cultural na medida em que só estavam estacionados 100 guardas vermelhos no Tibet da época e que as destruições foram desenvolvidas pelos próprios tibetanos. Acho duvidosos esses dados históricos e gostaria de solicitar provas de sua veracidade, mas essa não é a questão decisiva. O que importa é que tendo sido essas destruições orquestradas pela ideologia e pela liderança política do governo de Beijing ele não tem como se eximir da responsabilidade por esse processo de destruição cultural e religiosa. Trata-se de outro argumento inacreditável para alguém que pretende representar a filosofia.

4- O quarto argumento tenta racionalizar a invasão chinesa do Tibet em função da presença de agitadores da CIA que buscavam desestabilizar essa região.
Dizer isso é a mesma coisa que justificar a antiga invasão do Afeganistão pela URSS. (existe aí um dado curioso: Tibet e Afeganistão possuem um destino comum como objetos da disputa territorial das nações imperialistas)

5- O quinto argumento diz respeito à violência dos protestos. Além de silenciar a respeito da brutal repressão policial voltada para esses protestos evita discutir a complexidade da avaliação contextual e a existência de forças políticas envolvidas que possuem orientação completamente distinta dos Monges budistas e do Dalai Lama. A comparação completamente infeliz com a situação palestina evidencia a meu ver um viés claramente fascista na abordagem de Zizek.

6- Aparece em seguida a alegação de que a China tem investido economicamente no Tibet e que esses investimentos tem proporcionado ao povo tibetano um padrão de vida de que ele nunca gozou em toda sua história. É curioso que ele silencia a respeito da política de transferência de populações e dos privilégios econômicos e sociais que essas populações gozam em relação à população tibetana. Semelhante visão aponta para uma concepção vulgarmente desenvolvimentista, visão essa que parece se constituir no único fundamento das infelizes afirmações de Zizek.

7- O argumento seguinte diz respeito em parte ao abrandamento da repressão física à religião e ao fato parcialmente verdadeiro de que os chineses aprenderam que o capitalismo sem freios é muito mais eficaz que a violência física quando se trata de enfraquecer as relações sociais tradicionais. Zizek confirma essa visão afirmando que em uma ou duas décadas os tibetanos estarão reduzidos a uma minoria semelhante aos índios Norte-Americanos.

Semelhante afirmação implica a meu ver em uma apologia do genocídio cultural orquestrado pelo desenvolvimentismo e pelo capitalismo selvagem.

Tudo isso me parece uma grotesca justificação do genocídio de minorias através da categoria criminosa da inevitabilidade histórica do capitalismo sem freios. Pretendo que a função de um filósofo consiste em criticar radicalmente semelhante visão e em apontar caminhos para sua superação. Zizek parece ter capitulado diante da ideologia neo-liberal e abdicado de seu papel de filósofo.

8- Vem em seguida a visão extremamente preconceituosa de que a motivação da solidariedade ocidental ao Tibet deriva da ideologia "New Age" veiculada pelo Budismo do Dalai Lama. Sendo eu mesmo budista e essencialmente crítico da ideologia do "New Age" sinto-me obrigado a protestar energicamente contra uma asserção tão profundamente marcada pelo preconceito e pela ignorância. Mesmo no Brasil as lideranças budistas que lideram o movimento de solidariadade ao Tibet são essencialmente críticas à ideologia do "New Age". Zizek chega ao absurdo de expressar o temor de que essa "ideologia budista do new age" esteja se transformando na ideologia dominante do mundo capitalista globalizado, afirmação essa que além de ser uma verdadeira expressão de ignorância e obscurantismo traz em sí fortes implicações xenófobas e etnocêntricas.

9- O último argumento é o mais sério de todos e me parece expressar o ponto central da visão de Zizek. Ele aponta para uma possível contradição entre o desenvolvimento econômico e a democracia e desenvolve uma verdadeira apologia da eficácia dos regimes autoritários no processo de desenvolvimento econômico. Semelhante visão é um insulto para quem viveu sob as ditaduras militares desenvolvimentistas no Brasil e em outros países da América latina.

E isso aponta para o caráter medíocre da visão marxista de Zizek. Ele ainda parece acreditar no mito de que o crescimento das forças produtivas conduz à desagregação das relações de produção capitalista. Semelhante visão é virtualmente idêntica à visão do Partido comunista Chinês que resume sua atual tarefa como sendo o "desenvolvimento das forças produtivas". Lembro-me de ter assistido na televisão a um discurso do ditador norte-americano George W.Bush que justificava a entrada do mercado norte-americano no Iraque sob o pretexto da necessidade de superar a miséria. A retórica de Zizek não difere em nada a meu ver da visão dos ditadores chinese e norte-americanos.

Para concluir, gostaria de dizer que é precisamente essa crença fatalista na inevitabilidade do crescimento econômico capitalista e quantitativo, essa superstição que acredita existir alguma relação entre semelhante desenvolvimento e a superação da miséria das massas que se constituiu no verdadeiro monstro do século XX, monstro esse responsável por todas as guerras e genocídios que pudemos testemunhar nesse terrível e doloroso século. A superação de semelhante superstição me parece ser a grande questão do século XXI. Concordo com Zizek que existe um conflito essencial entre capitalismo e democracia; a questão para mim consiste precisamente na superação do capitalismo e da crença fatalista no crescimento econômico através da radicalização da democracia. Creio também que a publicação dessa grotesca apologia do genocídio, da ignorância e do obscurantismo coloca uma séria questão para os senhores: como conciliar a liberdade de expressão com a publicação de semelhante apologia do genocídio? Admito que não tenho uma resposta definitiva para essa questão: aguardo o claro posicionamento dos senhores editores do "Mais".


Sem mais, respeitosamente.

Joaquim Antônio Bernardes Carneiro Monteiro.
Monge Shaku Shoshin.
Rua José Líbero-80. Planalto Paulista.
CEP-04070-040.
Tel-5071-2422.


Currículo do Monge Joaquim Monteiro:

Joaquim Antonio Bernardes Carneiro Monteiro é monge budista.

Formação acadêmica :

• Licenciado em psicologia pela Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro.(Junho,1983)

• Formação no Seminário Budista da Shinshu Otani-ha (Otani senshugakuin) em Kyoto.(Junho,1987)

• Mestrado em estudos Budistas pela Universidade de Komazawa, Tóquio,Japão. Especialidade: Budismo Chinês. (Março,1997)

• Doutor em estudos Budistas pela Universidade de Komazawa, Tóquio, Japão. Especialidade: Budismo Chinês. (Março,2000)


Mais uma vez declaramos nosso apoio ao trabalho de conscientização feito pelo Monge Joaquim Monteiro com este artigo e outras atitudes suas durante este período de conflito no Tibet. Gostaríamos de ver mais lideranças budistas do Brasil engajando-se nesta causa humanitária com a mesma força, coragem e inteligência do Monge Joaquim Monteiro. Essa é nossa maior aspiração, no momento.

Tibet - Aula Aberta em Porto Alegre (23/04/2008)

Paulo Stekel



O evento ocorreu em 23 de abril, às 17h, no Recanto Oriental do Parque da Redenção, em Porto Alegre.

As violações dos direitos humanos no Tibete. Convidados: Dr. José Henrique Fardin (advogado, autor do livro A Compaixão pelo Rato: O Romance da Libertação do Tibete, entre 2005 e 2006 viveu na cidade de Dharamsala, na Índia); Cerys Tramontini (bacharel em Direito pela UNIVALI, membro do Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos, Joinville, Santa Catarina, desenvolveu pesquisa de campo com o povo tibetano na Índia, Nepal e Tibete).

Vale a pena lembrar que Cerys Tramontini escreve sobre Direitos Humanos para a Revista Horizonte - Leitura Holística.

A iniciativa do evento foi de Giancarla Brunetto, da FACED/UFRGS, através do Projeto "Liga dos Direitos Humanos" (FACED/UFRGS).

O link original do vídeo no YouTube é:

http://www.youtube.com/watch?v=PfwOpgq5EGk

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Budistas que ficam em pé


Por Matthew Weiner*


Para ler o original deste texto em inglês,
clique aqui.


Os ocidentais tendem a pensar no Budismo como uma religião passiva, centrada na meditação silenciosa e o crescimento espiritual pessoal. A imagem do Buda sentado com um sorriso reforça esta percepção.

Portanto, embora o Ocidente esteja muito familiarizado com o conflito e o ativismo em outras religiões, a "revolução açafrão" na Birmânia e a "revolta das altas altitudes" no Tibete representaram uma surpresa para muitos.

Na realidade, existe uma saudável tradição de ativismo budista. Muitas vezes chamada "Budismo Engajado", um termo cunhado por Thich Nhât Hanh, monge Zen vietnamita, esta tradição incentiva uma critica budista das estruturas políticas e económicas e outros esforços para aliviar o sofrimento social.

No Sri Lanka, o Movimento Sarvodaya trabalha em mais de mil aldeias para empoderar os pobres. Maha Ghosananda, um reverenciado monge budista cambojano, guiou milhares de pessoas em caminhadas pacíficas através dos "campos da morte" em busca de reconciliação com os Khmeres Vermelhos. O próprio Nhât Hanh apelou aos governos do Vietnã do Norte e do Sul para que parassem a sua recíproca carnificina.

Na Tailândia, o "Monge da Floresta" Prachak "ordenou" árvores da floresta colocando hábitos de monge ao redor delas para salvá-los dos madeireiros. O movimento Tzu-Chi, com sede em Taiwan, conta com milhares de voluntários que respondem aos desastres naturais e os provocados pelo homem.

O Reverendo Nakagaki da Igreja Budista de Nova Iorque realiza uma cerimónia anual no aniversário do bombardeio de Hiroshima. Após o 11 de setembro, ele lembrou a utilização de campos de internação por parte da América na Segunda Guerra Mundial e apelou a todos os budistas para que ajudassem aos cidadãos muçulmanos. Nakagaki costuma mostrar uma imagem do Buda em pé.

Ele diz que o Budismo é para cultivarmos uma mente pacífica, mas não para ficarmos sentados apenas.

Os ativistas budistas citam as escrituras para sustentar o seu argumento de que estão simplesmente seguindo o que o Buda ensinou. Em uma delas, o Buda enfrenta um assassino que está prestes a matar a própria mãe; em outra, para uma guerra entre duas tribos.

Um terceiro exemplo é a idéia do Bodhisattva: um ser que trabalha incansavelmente para salvar todos os outros seres do sofrimento.

Uma das origens da falta de compreensão do Budismo por parte do Ocidente é a nossa fascinação com a meditação. Enquanto a meditação é tão fundamental para o Budismo como a oração o é para a Cristandade, o Judaísmo e o Islã, isto não exclui a ação, tanto quanto não o faz a oração.

Na verdade, o foco budista na meditação enfatiza um estado da mente que pode conduzir a uma determinada forma de ativismo – meditação andando e resistência não violenta - como demostraram Maha Ghosananda no Camboja ou os monges da Birmânia.

Os equívocos continuam com o termo "monge budista". "Monge" é um termo cristão para designar ascetas religiosos que geralmente praticam a sua fé em isolamento do mundo. A palavra vem do grego monos, "sozinho".

Mas Bikkhu, o termo budista para designar o monge, se traduz literalmente como "mendigo".

Os Bikkhus ensinam e orientam a comunidade leiga e mendigam a sua comida. Desde os começos da prática budista, os Bikkhus sempre tiveram uma profunda relação de reciprocidade com o seu mundo leigo - incluindo o governo - como professores e modelos espirituais. Eles sempre atuaram dentro do mundo.

Outra noção que não se sustenta ao escrutínio histórico é que todos os ativistas budistas são militantes pacifistas; aliás, há quem argumente que nunca existiu um guerra budista. Mas há também lamentáveis exemplos ao longo da história de participação budista em opressão e violência governamental.

No entanto, é pelo ativismo pacífico que os monges budistas são mais conhecidos e respeitados. O fato que tenham se oposto à injustiça na Birmânia e no Tibete não deveria nos surpreender; o fato de eles não terem combatido a violência com a violência deve ser louvado.


* Matthew Weiner é diretor de programas do Interfaith Center of New York.


Fonte: International Herald Tribune, edição de 01/04/2008

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sobre o Tibete, a Birmânia e o Darfur


Para ler a versão original em inglês deste texto, clique aqui.


Solidarizo-me com Sua Santidade o Dalai Lama no Tibete, com as monjas e os monges birmaneses e com o povo oprimido do Darfur, no Sudão. No entanto, não assumo uma posição de defesa nem de oposição à China. Meus pés estão plantados em cada país a partir da compreensão e da experiência política e social da opressão.

Muitos falaram da relação entre o Tibete, a Birmânia e o Darfur que estão todos sofrendo por mão da China. Muitos provaram que o padrão de respeito dos direitos humanos por parte da China é deplorável nestes países. No entanto, o que vejo como a interdependência entre a Birmânia, o Darfur e o Tibete não é a China como país, o seu governo ou o povo chinês. O que vejo é o mundo olhando para os direitos humanos do lado de fora. O que vejo é o mundo criando mais um inimigo, uma situação de “eles e não nós”.

Nos ensinamentos de Buda, não há inimigos. Tudo o que encontramos são os ensinamentos; tudo o que vivemos é o dharma. Assim, enquanto a China, à luz dos Jogos Olímpicos de 2008, é hoje o símbolo da atrocidade e a opressão humana, também a América e outros países encontram-se muitas vezes no lugar dos opressores dependendo das circunstâncias. A cada momento estamos vivendo a nossa interdependência como seres humanos de diferentes lugares no continuum do desejável e do indesejável.

Quando os Jogos Olímpicos terminarem e o boicote do comércio chinês continuar, o trabalho terá começado na terra onde vivemos. Enquanto a tocha dos Jogos Olímpicos de 2008 estiver acesa em todo lugar, poderemos utilizar aquele fogo como um símbolo para exigirmos o fim dos maus-tratos e os massacres de todos os seres humanos. Poderemos usar esse fogo para promover o reencontro de milhões de pessoas expulsas das suas pátrias. Poderemos utilizar a tocha para manifestar a conexão que todos nós temos enquanto seres vivos, apesar das nossas ilusões de território. O fogo não pertence à China.


Zenju Earthlyn Manuel – Diretor Executivo do Buddhist Peace Fellowship


Fonte: Buddhist Peace Fellowship

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Discurso de S. S. o Dalai Lama a todos os tibetanos


Publicamos a versão em inglês do discurso de S. S. o XIV Dalai Lama sobre a dramática situação do Tibete pronunciado domingo, 6 de abril, em Dharamsala e dirigido a todos os tibetanos.


Para ler a vers
ão original em tibetano deste texto, clique aqui.


While extending my warm greetings to all the Tibetans in Tibet, I would like to share some of my thoughts.


1. Since March 10 this year, we have witnessed protests and demonstrations in almost all parts of Tibet, even in a few cities in Mainland China by students, which are the outburst of long pent-up physical and mental anguish of the Tibetans and the feeling of deep resentment against the suppression of the rights of Tibetan people, lack of religious freedom and for trying to distort the truth at every occasion, such as saying that Tibetans look towards the Chinese Communist Party as the "Living Buddha", is an ultra leftist statement and smacks of Han chauvinism. I am very much saddened and concerned by the use of arms to suppress the peaceful demonstrations of Tibetan people's aspirations that have resulted in unrest in Tibet, causing many deaths, and much more causalities, detention, and injury. Such suppression and suffering are very unfortunate and tragic which will reduce any compassionate person to tears. I, however, feel helpless in the face of these tragic incidents.


2. I pray for all the Tibetans as well as Chinese who have lost their lives during the current crisis.


3. The recent protests all over Tibet have not only contradicted but also shattered the People Republic of China’s propaganda that except for a few "reactionaries", the majority of Tibetans enjoy a prosperous and contented life. These protests have made it very clear that Tibetans in the three provinces of Tibet, U-tsang, Kham and Amdo, harbor the same aspirations and hopes. These protests have also conveyed to the world that the Tibet issue can no longer be neglected. These protests highlight the need to find a way to resolve the issue through "finding truth from facts". The courage and determination of those Tibetans who have, for the greater interests of Tibetan people, demonstrated their deep anguish and hopes by risking everything is very commendable as the world community has acknowledged and supported the spirit of these Tibetans.


4. I deeply appreciate the acts of many Tibetan government employees and Communist Party cadres who have, without losing their Tibetan identity, shown grit and sense of what is right during the present crisis. In future, I would appeal to the Tibetan Party cadres and government employees not to look always for their personal benefit, but to work for safeguarding the larger interests of Tibet by reporting the real sentiments of the Tibetan people to their superiors in the Party and try to give unbiased guidance to the Tibetan people.


5. Presidents, Prime Ministers, Foreign Ministers, Nobel Laureates, Parliamentarians, and concerned citizens from every part of the world have been sending clear and strong messages to the Chinese leadership to stop the present ongoing harsh crackdown against the Tibetan people. They have all been encouraging the Chinese government to follow a path where a mutually beneficial solution could be reached. We should create an opportunity for their efforts to bring out positive results. I know you are being provoked at every level but it is important to stick to our non-violent practice.


6. The Chinese authorities have been making false allegations against myself and the Central Tibetan Administration for instigating and orchestrating the recent events in Tibet. These allegations are totally untrue. I have made repeated appeals for an independent and respected international body to conduct a thorough investigation into the matter. I am sure this independent body will uncover the truth. If the People’s Republic of China has any basis and proof of evidence to back their allegations, they need to disclose these to the world. Just making allegations is not enough.


7. For the future of Tibet, I have decided to find a solution within the framework of the People's Republic of China. Since 1974, I have sincerely remained steadfast to the mutually beneficial Middle-Way Approach. The whole world knows this. The Middle-Way Approach means that all Tibetans must be governed by similar administration that enjoys meaningful National Regional Autonomy and all the provisions in it, self-rule and full decision-making, except for matters concerning foreign relations and national defense. However, I have said it from the beginning that the Tibetans in Tibet have the right to make the final decision for the future of Tibet.


8. The hosting of the Olympic games this year is a matter of great pride to the 1.2 billion Chinese people. I have from the very beginning supported the holding of these Games in Beijing. My position on this remains unchanged. I feel the Tibetans should not cause any hindrance to the Games. It is the legitimate right of every Tibetan to struggle for their freedoms and rights. On the other hand, it will be futile and not helpful to anyone if we do something that will create hatred in the minds of the Chinese people. On the contrary, we need to foster trust and respect in our hearts in order to create a harmonious society, as this cannot be built on the basis of force and intimidation.


9. Our struggle is with a few in the leadership of the People's Republic of China and not with the Chinese people. Therefore we should never cause misunderstanding or do something that will hurt the Chinese people. Even during this difficult situation, many Chinese intellectuals, writers and lawyers in Mainland China and other parts of the world have sympathized and shown us their solidarity by issuing statements, writing articles and offering pledges of support that is overwhelming. I have recently issued an appeal to the Chinese people all over the world on 28th March, which I hope you will hear and read.


10. If the present situation in Tibet continues, I am very much concerned that the Chinese government will unleash more force and increase the suppression of Tibetan people. Because of my moral obligation and responsibility to the Tibetan people, I have repeatedly asked the concerned leadership of the PRC to immediately stop their suppression in all parts of Tibet and withdraw its armed police and troops. If this brings result, I would also advise the Tibetans to stop all the current protests.


11. I want to urge my fellow Tibetans who live in freedom outside Tibet to be extra vigilant as they voice their feelings on the developments in Tibet. We should not engage in any action that could be even remotely interpreted as violent. Even under the most provocative of situations we must not allow our most precious and deeply held values to be compromised. I firmly believe that we will achieve success through our non-violent path. We must be wise to understand where the unprecedented affection and support for our cause stems from.


12. As Tibet is currently virtually closed and no international media is allowed there, I doubt my message will reach the Tibetans in Tibet. But I hope through media and by word of mouth, it will be passed on to the majority of you.


13. Finally, I want to reiterate and appeal once again to Tibetans to practice non-violence and not waver from this path, however serious the situation might be.


The Dalai Lama


Dharamsala

April 6, 2008


Fonte: Dalai Lama - Site Oficial

domingo, 6 de abril de 2008

Tibete - Depois das mobilizações


Recebemos da organização-não-governamental internacional Avaaz o seguinte apelo que retransmitimos, convidando tod@s a participartem.


Amig@s,


Segunda-feira passada milhares de pessoas em 84 cidades do mundo inteiro se manifestaram pelo Tibete e entregaram nossa petição de 1.5 milhões de assinaturas em embaixadas e consulados chineses. (Clique abaixo para ver as fotos). A equipe da Avaaz entregou a petição diretamente aos diplomatas chineses em Londres e Nova York, pedindo para eles resolverem a situação com urgência.


A pressão global sobre a China está surtindo efeito, porém seus próximos passos continuam uma incógnita. Eles estão, ao mesmo tempo, considerando a possibilidade do diálogo com o Dalai Lama e buscando apoio para a repressão. Um a um presidentes e chefes de estado estão se posicionando a favor do diálogo ou da repressão. Estamos agora buscando o apoio dos nossos governantes - clique no link para enviar uma mensagem automática ao seu presidente pedindo apoio ao diálogo – aproveite para ver as lindas fotos das manifestações de segunda-feira:


http://www.avaaz.org/po/tibet_report_back/20.php/?cl=71303312


Juntos, contribuímos para um movimento global pelo Tibete. A petição da Avaaz cresceu mais rapidamente que qualquer outra petição on-line, ganhando mais de 100.000 assinaturas por dia desde que ela foi lançada dia 18 de março. Os políticos entendem bem o poder da mobilização das massas e o perigo de ignorar a voz da sociedade civil. Por isso precisamos demonstrar que eles só tem a ganhar se ouvirem nosso apelo e apoiarem o Tibete. Mobilize-se agora:


http://www.avaaz.org/po/tibet_report_back/20.php/?cl=71303312


Temos o privilegio de viver numa época em que qualquer pessoa pode levantar sua voz em apoio a outra, em qualquer parte do globo.
Se nós temos o poder de melhorar as coisas, temos também a responsabilidade de agir. Muito obrigado a cada um dos membros da Avaaz que juntos somaram 1.5 milhões de vozes pelo Tibete. Nós dá esperança saber que todos vocês são parte da solução, e não do problema, na construção de mundo mais justo.


Com esperança,


Ben, Ricken, Graziela, Galit, Paul, Iain, Pascal e toda a equipe da
Avaaz

PS. Se você tem amigos que ainda não assinaram a petição fale para eles do trabalho da Avaaz, da importância da situação no Tibete e envie o link da campanha: http://www.avaaz.org/po/tibet_end_the_violence/?cl=7130

Petição para as Nações Unidas


Convidamos tod@s a clicarem no link abaixo e assinarem a Carta pela Libertação e o Fim da Violência no Tibete:


http://www.petitiononline.com/tibete01/petition.html


No Dharma,


Rede Brasileira de Budistas Engajados


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Tibete: Até quando?


Recebemos de Flávio Marcondes Velloso, da União Brasileira de Escritores, o seguinte chamamento que de bom grado divulgamos.


Ao se pensar no Tibete as lembranças trazem o
glamour, a contemplação, a vertigem da espiritualidade nas alturas... No entanto, a realidade imposta ao "topo do mundo" é algo inaceitável... 50 anos subjugados pela China. 50 anos de silêncio obsequioso da comunidade internacional diante do gigante. 50 anos de afronta aos direitos humanos. 50 anos de genocídio de mais de um milhão de tibetanos. 50 anos de destruição de mais de 6 mil monastérios. 50 anos de extermínio de um povo humilde e resignado.


É hora mais do que nunca de se perguntar o que o mundo fará pelo Tibete? Onde estarão as Nações Unidas? Onde estará o Tribunal Penal Internacional? Onde estarão os países e as organizações internacionais defensoras e promotoras dos interesses globais? O Tibete não será patrimônio para a humanidade? A sua cultura, as suas tradições milenares, a sua religião, a sua filosofia de não-violência não serão um paradigma exemplar aos valores desenfreados da pós-modernidade no ocidente? Não haverá espaço na Terra para a sobrevivência do Tibete? Com a morte do 14º Dalai Lama o Tibete será definitivamente despersonalizado, desfigurado, enterrado? O Tibete não merece a atenção dos povos? Do direito internacional das gentes?


Na hegemonia do poder e da violência reinantes na Terra não haverá lugar para o pacífico Tibete? Simbolicamente acontecerá uma marcha para a retomada do país, pelos tibetanos, saindo de Dharamsala, na Índia, por volta de 10 de março desse ano de 2008, com previsão de seguir, por cinco meses, cada mês representando uma década da dominação de sangue, com chegada igualmente simbólica marcada para o dia 8 de agosto, rumo à fronteira indochinesa, instante da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim...


Também aproveitando esse momento único na história, após a invasão de meio século, do massacre de inocentes protagonizado pelos chineses, realizar-se-á uma "Olimpíada do Tibete", em Dharamsala, cidade sede do governo tibetano no exílio, residência oficial do Dalai Lama, seu líder político e espiritual máximo. Acontecerá de 15 a 25 de maio, como
"um pequeno passo esportivo, mas um grande salto político"... Pois o que se quer é a libertação do Tibete! Entretanto, isso só virá com a participação de todos, com a devida pressão da opinião pública mundial, com a manifestação dos cidadãos dos diversos recantos do planeta, com a mente construtiva e a esperança renovada dos seres humanos, com a sua manifestação, com a nossa, em fortalecimento a uma sucessão de fatos imprescindíveis para o restabelecimento da independência do Tibete.


O que vamos fazer? O que fará cada um de nós? No
site oficial do movimento se pode inscrever e se solidarizar com a causa - http://tibetanuprising.org. Isso nos parece ser o mínimo. Mas se pode muito mais... Igualmente assinar a petição mundial em http://www.avaaz.org/po/tibet_end_the_violence .


Para o Dalai Lama, cujo significado do título que carrega é
oceano de sabedoria”, “certas ideologias perdem o seu sentido com o correr do tempo. Sendo a vida o nosso bem mais precioso, devemos considerar a vida do próximo como mais preciosa e mais importante ainda que a nossa. Essa observação se faz pertinente ao longo de todas as épocas. Especialmente nestes tempos atuais, sobre os quais pende a ameaça da destruição total do mundo, se apresenta cada vez mais convincente". Assim, invertendo os papéis, do nosso amor e da nossa compaixão dependem agora o Tibete e o seu povo.


Alea jacta est
, a sorte está lançada! Com a palavra, você! E não só! O que vamos conseguir dependerá de todos nós! Seremos merecedores do Tibete? As gerações futuras serão merecedoras das virtudes e riquezas do Tibete?

terça-feira, 1 de abril de 2008

Manifestação Pró-Tibet em Porto Alegre - 31 de março de 2008 - Quase mil pessoas entoando mantras pela paz no Tibet!



Durante o 3º Encontro Estadual de Terapeutas e Profissionais Holísticos, realizado na Assembléia Legislativa do RS e promovido pelo Deputado Giovani Cherini (PDT-RS), o jornalista Paulo Stekel propôs a todos os quase mil participantes cinco minutos de manifestação em prol da paz no Tibet. Neste tempo, todos se levantaram e entoaram o mantra de Chenrezig, o bodisatva regente do Tibet. Foi uma manifestação pacífica, e a maior até aquele dia no Brasil, em prol da cessação dos conflitos no Tibet ocupado. Possam todos os seres, em especial os tibetanos, serem beneficiados por esta iniciativa. E, que muitas mais sejam inspiradas a partir deste ato simples, mas compassivo.