Protestos em Mianmar aumentam e deixam três mortos
Por Aung Hla Tun
Uma multidão formada por monges budistas e civis encheu as ruas da principal cidade de Mianmar, Yangon, na quarta-feira, desafiando os tiros de advertência, o gás lacrimogêneo e os golpes de cacetete que reprimem os maiores protestos em 20 anos contra a junta militar que governa o país.
Dois monges e um civil foram mortos, disseram fontes locais. O clima de insatisfação com os 45 anos de regime militar na ex-Birmânia só aumenta, depois de um mês de protestos.
Testemunhas estimaram em 100 mil o número de pessoas que foram às ruas na quarta-feira. A grande preocupação é que se repita a tragédia de 1988, quando, no último grande levante do tipo, soldados abriram fogo contra a multidão, matando cerca de 3.000 pessoas.
"Estão fazendo passeatas, com os monges no meio e as pessoas comuns dos dois lados. Elas os estão protegendo, formando uma corrente humana", disse uma testemunha. Quando a noite caiu, porém, a manifestação se dispersou, com o toque de recolher.
Na cidade de Mandalay, a segunda do país, também sob toque de recolher, a Comissão Asiática de Direitos Humanos disse que não houve repressão à manifestação de 10 mil pessoas. Também houve protestos em Sittwe, no litoral noroeste do país.
Durante a tarde, a tropa de choque lançou bombas de gás lacrimogêneo contra os monges que tentavam passar pelas barricadas que isolavam Shwedagon, o templo mais sagrado de Mianmar. Quarta-feira também é o dia sagrado para os budistas. Até 200 monges foram presos no local.
A junta militar, que está refugiada na nova capital, 385 km ao norte, tentou manter os monges fora das ruas, bloqueando monastérios logo pela manhã.
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